GM, Gazeta do Brasil, p.B13
05 de Ago de 2005
Maggi diz que pode desmatar; Marina contesta
Governo federal e Mato Grosso buscam formas de atingir sustentabilidade e o desenvolvimento.
Conciliar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental em Mato Grosso. A proposta está em debate no Fórum Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que procura um consenso entre produtores e ambientalistas. "As ONGs são bem-vindas na discussão, mas adianto que nada será aprovado se o setor produtivo também não estiver contemplado", afirmou governador do Estado, Blairo Maggi (PPS), organizador do evento em Cuiabá.
O Fórum, de acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Marcos Machado, visa congregar divergências e convergências na busca de uma política que agrade e que atenda todos os segmentos que querem preservar a floresta e, ainda, aumentar a produção do plantio de grãos no estado.
Política ambiental
A intenção é que, hoje à noite, quando os trabalhos do Fórum se encerram, Mato Grosso já tenha um desenho do que será sua política ambiental. "Considero este evento como uma grande audiência pública, onde o grande interesse é a solução dos pro-blemas ambientais", disse Machado. Essa mudança na política ambiental do Estado de Mato Grosso ocorre após toda a problemática na área ambiental, desbaratada pela Operação Curupira, da Polícia Federal, que levou dezenas de pessoas para a cadeia.
Corrupção
Nos bastidores do fórum, um dos assuntos principais é a questão da corrupção no Ibama. Segundo autoridades locais, mesmo com a operação desencadeada pela polícia Federal, o desmatamento ainda prevalece.
A ação conjunta com o Ministério Público do Estado do Mato Grosso prendeu mais 90 pessoas acusadas de montar um esquema de extorsão e favorecer a sonegação. "Fizemos o que podemos, mas sei que ainda há focos de corrupção na entidade aqui no Mato Grosso", disse a ministra Marina Silva, no fórum.
O secretário de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana, disse que , "se as ações contra o meio ambiente forem coibidas, a política ambiental em discussão será forte para que os ativos cresçam", afirmou.
O funcionário de alto escalão do governo federal insistiu que O Ministério do Meio Ambiente acredita que é possível crescer com sustentabilidade ambiental. " Por isso, estamos aqui", salientou no discurso de abertura do fórum.
Respeito às leis
Para o governador Blairo Maggi, o 1o Fórum Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que começou ontem no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, vai ser o palco ideal para se procurar soluções para conciliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente.
Num discurso de pouco mais de 40 minutos, diante de autoridades, deputados, empresários, secretários de Estado, prefeitos e especialistas na questão ambiental de várias partes do País e até do exterior, Maggi defendeu uma política de respeito às leis, mas, também, uma política que não prejudique o crescimento econômico de Mato Grosso.
"Sou dos que acham que existe espaço para o crescimento e o respeito à legislação. Espero que esse fórum indique o caminho", disse o governador. E, para Blairo Maggi, os próprios dados indicam que isso pode ser possível.
De acordo com dados apresentados por ele, da área de 906 mil Km² no Estado, 32% das terras foram abertas - deste total, 25% para pecuária e de 6% a 7% destinadas à agricultura.
"Vamos mostrar que é possível fazer as duas coisas", ressaltou. Ele disse também que o setor produtivo não é inimigo do meio ambiente, só precisa trabalhar e produzir.
Crise política
Falando sobre a crise política que atinge Brasília, Maggi frisou que, felizmente, a economia do País não foi atingida. E se hoje a balança comercial é favorável, Mato Grosso, com seus recordes de produção, também é responsável pelo superávit comercial sustentado pelas exportações de comodities. "Mato Grosso já deu muitas alegrias, com seus recordes de produção", afirmou.
O fórum será a oportunidade, segundo Blairo Maggi, de se encontrar o rumo que leva ao desenvolvimento sustentável. Maggi espera, também, que a discussão da legislação e os debates levem a um consenso sobre a adequação das leis, em especial as atribuições do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e o Ibama.
O secretário de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana, que representou na abertura do fórum a ministra Marina Silva, disse que o governo federal será um parceiro na busca de soluções. "Viemos para contribuir, para partilhar competências e colher resultados positivos", afirmou Viana.
Segundo ele, tanto o governo federal quanto o estadual irão trabalhar para diminuir os ivos ambientais. "O objetivo é que Mato Grosso produza de forma sustentável. Vamos sair daqui com um pacto", garantiu.
Discrepância
O acordo visa acabar com as discrepâncias dos números sobre o desmatamento da floresta amazônica no estado. Magi afirma que a área desmatada no Mato Grosso representa 20% do total (48%) apresentado pelo governo federal e diz que ainda tem espaço para ampliar as áreas produtivas.
"Temos espaço para desmatar até 32% com base na legislação federal", afirma o governador.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, rebateu as afirmações do governador com veemência e diz que os números apresentados pelo governo federal são bem reais. "Não há outras estatísticas", insistiu a ministra em sua apresentação no fórum estadual.
Apesar da divergência, ela diz que o governo federal busca uma conciliação com o governo estadual para evitar mais danos à Floresta Amazônica.
kicker: Proposta de fórum em Cuiabá é encontrar um consenso entre crescimento da produção agrícola e o meio ambiente
Estudo define florestas e cerrado em Mato Grosso
Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os biomas no Brasil irá apontar quais são as regiões de floresta amazônica e de cerrado no estado de Mato Grosso. A informação foi ada ontem pela ministra do Meio Ambiente Marina Silva a produtores rurais e representantes das indústrias do Estado, reunidos no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) quer a retirada de Mato Grosso da Amazônia Legal. "Queremos trazer a ciência para essa discussão, para não ter nenhum tipo de embate ideológico, nem na ótica dos produtores, nem na ótica dos ambientalistas", afirmou o presidente da Famato, Homero Pereira.
Os produtores rurais trataram com a ministra sobre a compensação de reserva legal, por área de preservação permanente e sobre a Medida Provisória 2166, que em 1996 elevou a área de preservação em florestas de 50% para 80%. Os madeireiros pediram a simplificação das autorizações dos projetos de manejo, para minimizar os problemas enfrentados pelo setor.
GM, 05-07/08/2005, p. B13
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